A carta de emprego, desenvolvida por um dos candidatos no processo de seleção da Volkswagen, permitiu uma reflexão sobre o significado de experiência - entre o conhecimento empírico e conhecimento sistemático (ciência).
Antes da carta, trazemos seus conceitos:
Antes da carta, trazemos seus conceitos:
O que é empírico?
O conhecimento empírico apoia-se em experiências vividas através da observação. Caracterizado pelo senso comum, é uma verdade adquirida ao longo de toda a vida, no dia a dia, entre objetos e sentidos. Nossos sentidos, por meio do que vemos, cheiramos, provamos, tocamos e ouvimos inconscientemente nos fornecem um conhecimento sobre a realidade e consequentemente se transformam em experiências.
O que é ciência?
Ciência é um conhecimento sistemático, baseado no método científico. Rejeita-se o subjetivismo e tem como objetivo construir uma lógica, racionalizar, argumentar, cronometrar - deixa-se de lado causas pessoais e mantém a neutralidade do sujeito. É verificado através da experimentação metódica.
Os candidatos deveriam responder a pergunta: Você tem experiência?
REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado.
Já chorei ouvindo música no ônibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra roubar fruta.
Já caí da escada de bunda.
Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando,
Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormente os meus lábios.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:
"Qual sua experiência?".
Essa pergunta ecoa no meu cérebro:
Experiência... experiência.
Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos!
Agora, gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:
"Experiência? Quem a tem, se a todo o momento tudo se renova?"
E você, tem experiência?
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