3 de setembro de 2014

Pirâmide da Tecnologia proposta por Koert van Mensvoort



Através da história, a humanidade foi entrelaçada em uma relação co-evolutiva com a tecnologia, que desde o princípio, estende nossa capacidade física e mental. Atualmente, a tecnologia é vista, pela maioria, como algo que foi recentemente introduzida no mercado como celulares, computadores, internet, entre outros. Contudo, segundo o artista, filósofo e cientista Dr. Koert van Mensvoort essa perspectiva é muito limitada. Por este motivo, Mensvoort criou um modelo de pirâmide chamada de Pyramid of Technology (Pirâmide da Tecnologia) com o intuito de descrever os vários estágios em que a tecnologia se desenvolve em nossas vidas.


  1. Envisioned (Prevista)

O primeiro nível da pirâmide compreende a previsão, a ideia da tecnologia que nasce, antes de tudo, na mente humana. Segundo o autor da pirâmide este nível  é “uma fase de sonho, a província de artistas, poetas, escritores de ficção científica e outros visionários. Embora mais pessoas de orientação prática às vezes subestimam esta fase, é, de fato, a câmara de nascimento de toda a inovação tecnológica”.



  1. Operational (Operacional)

Neste nível, existe um conceito de um projeto e um protótipo, porém, na maioria das vezes não é aplicado e/ou aceito. Como relata o autor, muitas tecnologias de alto potencial estão paralisadas no nível operacional. Um exemplo de tecnologias que residem nesta fase, hoje, são os computadores quânticos, a eletricidade sem fio, a carne cultivada em laboratório, os micróbios modificados que transformam vegetais em óleo, entre outros. Estes, encontram-se estagnados devido ao fato de não vislumbrarem lucro para os investidores. O nível operacional, portanto, é a casa da investigação fundamental em engenharia.



  1. Applied (Aplicada)

A etapa que a tecnologia encontra seu caminho fora do laboratório, em direção à sociedade, é a etapa de aplicação. Um exemplo é o Google Glass, óculos inteligente que permite acesso imediato à toda informação que você deseja. Apesar de poucas pessoas terem acesso até agora, essa inovação ocasionou grande entusiasmo por transmitir a ideia de que num futuro próximo estaremos todos nos comunicando através dessa tecnologia. Entretanto, a fase de transição entre a invenção, aplicação e aceitação é muitas vezes subestimado. Por esta razão, inúmeras tecnologias ficam presas no estágio de aplicação antes de evoluir para o nível mais elevado de aceitação social. O carro elétrico, por exemplo, foi aplicado no mercado, porém, não entrou de forma isolada, já que existem outras tecnologias concorrentes que delimitam o processo – nesse caso são os carros movidos à gasolina. Só recentemente, devido a uma crescente consciência de sustentabilidade e desejo de ar mais limpo nas cidades, é que o carro elétrico está ganhando um espaço maior no mercado.



  1. Accepted (Aceita)

A medida de aceitação das tecnologias é definida culturalmente. Enquanto para alguns o GPS já faz parte da vida cotidiana, outros podem nunca ter ouvido falar dele. Em suma, a transição entre ver e/ou entender uma tecnologia como nova e artificial para ser vista como algo normal e familiar é a chave de aceitação tecnológica dessa fase em questão.

Tecnologias que são facilmente conectadas com hábitos, tradições e intuições dos usuários existentes, como cinema, telefones ou fogões são, inevitavelmente, aceitas de maneira imediata.



  1. Vital (Vital)

Quando a aceitação alcança um número de destaque, a tecnologia se torna vital. Nessa etapa, a tecnologia já faz parte do nosso estilo de vida, como se fosse uma segunda natureza. O celular, por exemplo, mesmo não sendo implantado em nossa pele, não deixa de fazer parte de nossa identidade.



  1. Invisible (Invisível)

A tecnologia, neste etapa, não é mais considerada tecnologia, já que se torna invisível diante dos olhos de seus usuários. A escrita, por exemplo, onipresente na maioria dos países, não é mais compreendida como uma tecnologia. Tudo bem, é uma tecnologia antiga, porém, ainda tecnologia. Dinheiro, roupa e agricultura também são tecnologias que foram inventadas há milhares de anos e que tiveram impacto notável pelos nossos antepassados. Hoje? Fazem parte do nosso inconsciente.



  1. Naturalized (Naturalizada)

Algumas tecnologias surgem, sobem até a metade da pirâmide e então se estabilizam, algumas são empurradas de volta para o nível mais baixo. Outras, entretanto, atingem uma naturalização tão grande em nosso corpo e nossa vida que nós as consideramos parte da natureza humana. O melhor exemplo nesse estágio é cozinhar. Cozinhar, referindo-se aos princípios básicos de aquecimento e não à tecnologias de cozimento específicas, como é o caso do microondas. Hoje pensamos em cozinhar como um aspecto universal da natureza humana, mas há 200.000 anos, a arte de cozinhar era uma tecnologia extremamente inovadora. De acordo com Dr. Koert van Mensvoort “Sem cozinhar, um ser humano moderno teria que comer cerca de 5 alimentos crus para obter calorias suficientes”. Cozinhar, então, permitiu-nos absorver mais calorias dos alimentos que comemos e gastar menos energia no processo. Necessária para a sobrevivência humana, essa tecnologia se transformou em primeira natureza, tornando-se naturalizada.

  


Agora, entendido cada nível da Pirâmide Tecnológica, proposta por Koert van Mensvoort, abordada aqui de maneira resumida, e tendo em vista que a humanidade está entrelaçada em uma relação co-evolutiva com a tecnologia, vamos abrir uma discussão! Poucas tecnologias conseguem subir ao topo da pirâmide, a maioria, como divagou o autor, oscila entre a metade e a camada inferior. Mas por que isso acontece? Porque a maioria dos cientistas, engenheiros, empreendedores que trabalham para melhorar nossas vidas com inovações tecnológicas tendem a focar nos estágios iniciais da pirâmide. Uma sugestão do autor é levar os profissionais da área de inovação questionarem seu objetivo de alcance e sucesso no início do processo de criação, tendo em vista a imensidão da tecnologia desenvolvida durante a história humana. 




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