Através
da história, a humanidade foi entrelaçada em uma relação co-evolutiva com a tecnologia, que desde o princípio, estende nossa capacidade física
e mental. Atualmente, a tecnologia é vista, pela maioria, como algo que foi
recentemente introduzida no mercado como celulares, computadores, internet,
entre outros. Contudo, segundo o artista, filósofo e cientista Dr. Koert van Mensvoort essa perspectiva é
muito limitada. Por este motivo, Mensvoort criou um modelo de pirâmide chamada
de Pyramid of Technology
(Pirâmide da Tecnologia) com o intuito de descrever os vários estágios em que a
tecnologia se desenvolve em nossas vidas.
- Envisioned (Prevista)
O primeiro nível da pirâmide compreende a previsão, a ideia da tecnologia que nasce, antes de tudo, na mente humana. Segundo o autor da pirâmide este
nível é “uma fase de sonho, a província de artistas,
poetas, escritores de ficção científica e
outros visionários. Embora mais
pessoas de orientação prática às
vezes subestimam esta fase, é, de fato, a câmara de nascimento de toda a inovação tecnológica”.
- Operational (Operacional)
Neste nível, existe um conceito
de um projeto e um protótipo, porém, na maioria das vezes não é aplicado e/ou
aceito. Como relata o autor, muitas tecnologias de alto potencial estão
paralisadas no nível operacional. Um exemplo de tecnologias que residem nesta
fase, hoje, são os computadores quânticos, a eletricidade sem fio, a carne
cultivada em laboratório, os micróbios modificados que transformam vegetais em
óleo, entre outros. Estes, encontram-se estagnados devido ao fato de não vislumbrarem
lucro para os investidores. O nível operacional, portanto, é a casa da investigação fundamental em engenharia.
- Applied (Aplicada)
A etapa que a tecnologia
encontra seu caminho fora do laboratório, em direção à sociedade, é a etapa de
aplicação. Um exemplo é o Google Glass, óculos inteligente que permite acesso
imediato à toda informação que você deseja. Apesar de poucas pessoas terem
acesso até agora, essa inovação ocasionou grande entusiasmo por transmitir a
ideia de que num futuro próximo estaremos todos nos comunicando através dessa
tecnologia. Entretanto, a fase de transição entre a invenção, aplicação e
aceitação é muitas vezes subestimado. Por esta razão, inúmeras tecnologias ficam
presas no estágio de aplicação antes de evoluir para o nível mais elevado de
aceitação social. O carro elétrico, por exemplo, foi
aplicado no mercado, porém, não entrou de forma isolada, já que existem outras
tecnologias concorrentes que delimitam o processo – nesse caso são os carros
movidos à gasolina. Só recentemente, devido a uma crescente consciência de
sustentabilidade e desejo de ar mais limpo nas cidades, é que o carro elétrico
está ganhando um espaço maior no mercado.
- Accepted (Aceita)
A medida de aceitação das
tecnologias é definida culturalmente. Enquanto para alguns o GPS já faz parte da
vida cotidiana, outros podem nunca ter ouvido falar dele. Em suma, a transição
entre ver e/ou entender uma tecnologia como nova e artificial para ser vista
como algo normal e familiar é a chave de aceitação tecnológica dessa fase em
questão.
Tecnologias que são facilmente conectadas
com hábitos, tradições e intuições dos usuários existentes, como cinema,
telefones ou fogões são, inevitavelmente, aceitas de maneira imediata.
- Vital (Vital)
Quando a aceitação alcança um número de destaque, a
tecnologia se torna vital. Nessa etapa, a tecnologia já faz parte do nosso
estilo de vida, como se fosse uma segunda natureza. O celular, por exemplo,
mesmo não sendo implantado em nossa pele, não deixa de fazer parte de nossa
identidade.
- Invisible (Invisível)
A tecnologia, neste etapa, não é mais considerada
tecnologia, já que se torna invisível diante dos olhos de seus usuários. A
escrita, por exemplo, onipresente na maioria dos países, não é mais compreendida como uma tecnologia. Tudo bem, é uma tecnologia antiga, porém, ainda
tecnologia. Dinheiro, roupa e agricultura também são tecnologias que foram
inventadas há milhares de anos e que tiveram impacto notável pelos nossos
antepassados. Hoje? Fazem parte do nosso inconsciente.
- Naturalized (Naturalizada)
Algumas tecnologias surgem, sobem até a metade da
pirâmide e então se estabilizam, algumas são empurradas de volta para o nível
mais baixo. Outras, entretanto, atingem uma naturalização tão grande em nosso
corpo e nossa vida que nós as consideramos parte da natureza humana. O melhor
exemplo nesse estágio é cozinhar. Cozinhar, referindo-se aos princípios básicos
de aquecimento e não à tecnologias de cozimento específicas, como é o caso do microondas.
Hoje pensamos em cozinhar como um aspecto universal da natureza humana, mas há
200.000 anos, a arte de cozinhar era uma tecnologia extremamente inovadora. De
acordo com Dr. Koert van Mensvoort “Sem cozinhar, um ser
humano moderno teria que comer cerca de 5 alimentos crus para obter calorias
suficientes”. Cozinhar, então, permitiu-nos absorver mais calorias dos alimentos
que comemos e gastar menos energia no processo. Necessária para a sobrevivência
humana, essa tecnologia se transformou em primeira natureza, tornando-se
naturalizada.
Agora, entendido cada nível da Pirâmide Tecnológica,
proposta por Koert van Mensvoort, abordada aqui de maneira resumida, e tendo em vista que a humanidade está
entrelaçada em uma relação co-evolutiva com a tecnologia, vamos abrir uma
discussão! Poucas tecnologias conseguem subir ao topo da
pirâmide, a maioria, como divagou o autor, oscila entre a metade e a camada
inferior. Mas por que isso acontece? Porque a maioria dos cientistas, engenheiros,
empreendedores que trabalham para melhorar nossas vidas com inovações tecnológicas tendem a focar nos estágios iniciais da pirâmide. Uma sugestão do
autor é levar os profissionais da área de inovação questionarem seu objetivo de
alcance e sucesso no início do processo de criação, tendo em vista a imensidão
da tecnologia desenvolvida durante a história humana.
Fonte: nextnature.net
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